Este
é o mais recente livro da autora Liane Moriarty, que particularmente adoro,
pois tem uma escrita instigante e suas obras têm enredos repletos de suspense e
acontecimentos curiosos, inimagináveis, muitas vezes trágicos e que giram em
torno de acontecimentos do nosso cotidiano.
Posso dizer que estava muito
curiosa a respeito desse no livro da autora, cuja temática fugia um pouco do
habitual, no entanto achei que já sabia o que esperar da leitura e confesso que
novamente Liane Moriarty conseguiu me surpreender, havia lido algumas críticas
negativas a respeito do livro, contudo o livro me agradou bastante.
A
narrativa começa com a quase morte da executiva Masha, descrita como uma mulher
de meia idade, acima do peso e com bolsas cor-de-rosa embaixo dos olhos
nitidamente verde-água, o cabelo castanho e fino preso em um coque baixo,
pequeno e triste. Fumava muito, tinha a saúde gravemente comprometida pelas
horas intermináveis de trabalho, estava doente devido ao ambiente corporativo.
Teve uma síncope, seu coração parou, viu a morte bem de perto.
No
entanto Masha “renasceu”, abandonou a vida coorporativa, mudou o estilo de
vida, sua imagem, seu corpo, se tornando uma verdadeira beldade, e abriu um spa
de bem estar, adotando métodos pouco convencionais para cura de seus hóspedes.
A promessa da Tranquillum House são
dez dias de desintoxicação daquilo que está contaminando a sua vida e os
resultados costumam ser pessoas transformadas em melhores versões de si mesmas.
É com esse objetivo que nove pessoas – Frances, Ben, Jessica, Lars, Napoleon,
Heather, Zoe, Carmel e Tony - iniciam as suas estadias.
Neste
contexto, temos um grupo de pessoas que não se conhece, com diferentes idades,
com traumas diversos, frustações e diferentes tragédias pessoais, em busca de
conforto e escape da realidade no spa de Masha.
A
autora faz de seus personagens uma verdadeira miríade de angústias e aflições:
o casal que já não se reconhece mais, a profissional que já não tem o sucesso
de antigamente, a mulher que foi deixada pelo marido e ficou obcecada com sua
aparência e os pais que perderam o filho são alguns dos exemplos. Em alguns
momentos os relatos dos personagens são chocantes e causa um desconforto
profundo nos colocarmos no lugar dos mesmos, sentindo seu pânico, desespero e
tristeza profunda.
Liane consegue explorar com maestria as
válvulas de escape utilizadas pelos personagens, a negação, as comidas
reconfortantes, o álcool, as redes sociais, o que faz com que qualquer leitor
possa se identificar com um aspecto da experiência do grupo: a privação dos
nossos pequenos vícios diários. Criamos hábitos que nos entorpecem, que nos
permitem fugir da realidade, o que nos leva a uma espiral, muitas vezes de
pensamentos destrutivos, por querer fazer com que os outros tenham uma
impressão de nós que não condiz com a realidade, com nosso caráter, nosso
verdadeiro eu.
“Jéssica não conseguia se livrar da sensação de que, caso não registrasse aquele momento com o celular, significaria que aquilo não teria acontecido de verdade; não contava, não era a vida real.” (MORIARTY, 2019, p. 142)
O
narrador onisciente, sempre em terceira pessoa, nos dá a cada capítulo a visão
de um personagem, sem por isso deixar de lado os demais. Em “Nove
Desconhecidos” não há coadjuvantes. Todos desempenham papel de protagonista em
um momento ou em outro. Cada um deles traz uma história e aos poucos vamos nos
conectando a cada uma. De um jeito ou de outro, todas elas funcionam e
impressionam muito, pois todas são verossímeis.
Neste
livro a autora se reinventa e mostra uma faceta que não transparece seus outros
livros, habilmente consegue prender o leitor durante toda a narrativa, fugindo
do ambiente do núcleo familiar que nos acostumamos a ver em seus outros livros,
o que causou estranheza para muitos, no entanto não me desagradou e foi uma
leitura muito prazerosa que indico fortemente, como de costume os personagens
são complexos, enfrentam dramas pessoais muitas vezes capazes de dilacerar
qualquer ser humano, como a morte de um filho sob as circunstâncias mais
trágicas possíveis.
Enfim, é uma jornada
intensa e transformadora sobre como somos capazes de nos reiventar e nos
libertar, ressurgindo das cinzas. Sempre há esperança, sempre há um recomeço, e
somos detentores de uma força que desconhecemos até sermos obrigados a recorrer
a ela. Embarque nessa aventura, lições valiosas te esperam.
***
- Capa comum: 464 páginas
- Editora: Intrínseca; Edição: 1ª (17 de abril de 2019)
- Idioma: Português
- ISBN-10: 8551004689
- ISBN-13: 978-8551004685
SINOPSE
Nove pessoas se reúnem em um spa bem distante da cidade. A quilômetros da civilização, sem carro nem celulares, elas não têm qualquer contato com o mundo exterior. Apenas tempo para pensarem em si mesmas e se conhecerem melhor. Algumas estão lá para perder peso, algumas para tentar recomeçar a vida, outras por razões inconfessáveis até para elas mesmas. No meio de tanto luxo e mimo, sucos e meditação, todos sabem que vão precisar se esforçar nos próximos dez dias. Mas ninguém é capaz de imaginar o tamanho do desafio.
Frances Welty, escritora de romances best-sellers, chega à Tranquillum House com um problema nas costas, um coração partido e um corte no dedo extremamente dolorido. Ela logo fica intrigada com os colegas de retiro — a maioria não parece precisar de fato de um spa. Mas quem mais a deixa curiosa é a diretora. Será que ela tem as respostas que Frances nem sabia que estava procurando? Será que Frances deve colocar suas dúvidas de lado e mergulhar em tudo que o spa tem a oferecer? Ou é melhor fugir enquanto é tempo?
Não demora muito para que todos os hóspedes estejam se fazendo esta pergunta.
***
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Até a próxima, um grande beijo!
By: Thaísa Salvador
e-mail: thaisaelloa@gmail.com
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