Meus
amores, estou aqui hoje para falar sobre o livro “As garotas Madalenas”, do
autor que escreve sob o pseudônimo de V.S. ALEXANDER. É uma leitura
perturbadora e dolorosamente real sobre o que acontecia (e em alguns lugares
ainda acontece) dentro das instituições da Igreja Católica que “acolhiam” jovens
pecadoras rejeitadas, “em desgraça”, abandonadas a sua própria sorte pela
família e pela sociedade e encaminhadas para os conventos para serem regeneradas,
tornando-se mulheres “decentes”. Na realidade as únicas transgressões que
aquelas meninas haviam cometido era serem bonitas e com opiniões fortes demais.
Confesso que, como católica, me senti envergonhada.
![As garotas Madalena: Quem poderá salvá-las? por [Alexander, V. S.]](https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51R7lKqAsLL.jpg)
O
cenário é chocante e sufocador, as freiras são descritas como mulheres amargas,
autoritárias, frustradas e sádicas, que infligiam às garotas sob sua guarda
sofrimento físico e psíquico incomensuráveis, com a imposição de longas horas
de trabalho árduo em condições desumanas, privando as garotas de qualquer
vaidade ou cuidado com a imagem pessoal, cortando seus cabelos e uniformizando
suas vestimentas, insultando-as e tolhendo qualquer dignidade que restasse na
alma daquelas garotas.
Teagan
Tiernan, uma linda jovem de 16 anos, vê sua vida virar um verdadeiro inferno
com a chegada de um jovem e atraente padre na Igreja que freqüentava. O jovem
padre Mark atraia olhares de todas as mulheres, mas se sentiu especialmente
atraído pela jovem Teagan. Perturbado, perseguido por seu passado indecente, o
padre resolve confessar-se com seu superior, que rapidamente tratou de resolver
a situação jogando a pobre Teagan aos lobos.
Quando o pai de Teagan, que nunca
soube se controlar com a bebida, fica sabendo do possível envolvimento da filha
com o padre, toma uma atitude drástica e a leva ao Convento das Irmãs da
Sagrada Redenção. Inicia aí o verdadeiro sofrimento em que se tornará a vida de
Teagan.
Nora
Craven era uma jovem rebelde, ambiciosa e voluntariosa, que também devido a um
enorme mal entendido acaba na Instituição. As duas garotas se tornam amigas e
juntas pretendem fugir e recuperar sua vida, pois percebem que se permanecerem
ali enlouquecerão ou morrerão.
Os
relatos são chocantes, havia um orfanato ao lado, crianças eram dadas para
adoção de forma ilegal, os bebês mortos eram enterrados ali mesmo nos arredores
do muro que cercava a Instituição. Saber que situações como esta foram reais
até muito tempo é desesperador e causa profunda indignação e revolta.
Por
exemplo, em 2013, as autoridades irlandesas publicaram um relatório de mil
páginas sobre esses comportamentos, o que levou o então primeiro-ministro Enda
Kenny e as congregações religiosas a pedir desculpas públicas. Convenhamos que
desculpas não são suficientes, nunca serão.
Em
2014, o primeiro-ministro irlandês Enda Kenny chamou de “abominação” a maneira
como as jovens mães haviam sido tratadas e lamentou que seus filhos tivessem
sido considerados como “subespécies inferiores”.
Em
2015, o governo irlandês abriu uma comissão para investigar 18 centros de
nascimento que acolhiam jovens mães solteiras, para examinar sua “alta taxa de
mortalidade” de recém-nascidos. Esta investigação se deu após o trabalho de uma
historiadora, Catherine Corless. Segundo ela, cerca de 800 crianças nascidas em
um desses centros, o Lar St. Mary das Irmãs do Bom Socorro de Tuam (oeste da
Irlanda), haviam sido enterradas em uma fossa comum, entre 1925 e 1961.
Em
mais de um quarto dos casos, o Estado foi responsável pelo envio dessas
mulheres para essas lavanderias. Os atestados de óbito apontavam que os bebês
tinham morrido de desnutrição e doenças infecciosas, como tuberculose e
sarampo. Em 2017 foi encontrado um grande número de ossadas infantis.
Nos
últimos anos, várias investigações revelaram a extensão das práticas de adoção
ilegal de crianças nascidas de mulheres solteiras, realizadas pelo Estado
irlandês com a cumplicidade da Igreja católica.
Isso
não é ficção, infelizmente. Os fatos relatados na obra, em uma narrativa que
mesmo dolorida não perde a delicadeza e trata com muito respeito o assunto, são
trágicos e fazem parte da História, uma história macabra e sombria, de
preconceito, radicalismo, dogmas, intolerância e profundo desrespeito a
dignidade de qualquer ser humano.
Recomendo
a leitura fortemente, é de suma importância nos tempos que estamos vivendo e
para que a história não se repita, pois acredito que existem erros que não são
passíveis de reparação, tais como os que foram cometidos nesse período por
estas Instituições com a conivência e o silêncio eloquente da Igreja Católica.
AUTOR:

V.S. Alexander é um fervoroso estudante de história, com um forte interesse em música e artes visuais. Algumas das influências de escrita de VS incluem Shirley Jackson, Oscar Wilde, Daphne du Maurier ou qualquer trabalho das requintadas irmãs Brontë. VS mora na Flórida e trabalha em um terceiro romance histórico para Kensington.
SINOPSE:
Dublin, 1962. Dentro dos portões
do convento das Irmãs da Sagrada Redenção opera uma das Lavanderias de Madalena
da cidade. Outrora um lugar de refúgio, as lavanderias haviam evoluído para
sombrios reformatórios de trabalhos forçados. É para lá que a jovem Teagan
Tiernan, de 16 anos, é levada pela família, depois de ter sido transformada em
personagem de uma intriga que também envolvia um jovem e belo padre.
Convivendo com mulheres
“em desgraça” – mães solteiras, prostitutas, menores infratoras – e garotas comuns,
cujos únicos pecados se resumiam a serem bonitas ou independentes demais,
Teagan faz amizade com Nora Craven, uma jovem rebelde que pensava que nada
poderia ser pior do que sua miserável vida familiar.
As duas jovens se tornam
reféns da Madre Superiora e de suas punições cruéis – sempre em nome do amor.
Entre fracassadas tentativas de fuga, Teagan e Nora vão descobrir como é árduo
o mundo exterior, principalmente para jovens de reputação arruinada.
Narrado com franqueza,
compaixão e riqueza de detalhes históricos, As garotas Madalenas é
um primoroso romance sobre a vida dentro dessas polêmicas instituições da
Igreja Católica. É uma história inspiradora de amizade, esperança e incansável
coragem.
DADOS DO LIVRO
- Editora: Gutenberg Editora (30 de maio de 2019)
- Idioma: Português
- Formato: eBook Kindle
- Autor: V. S. Alexander
- Tradutor:
Até a próxima, um grande beijo!
By: Thaísa Salvador
e-mail: thaisaelloa@gmail.com
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