SOBRE A OBRA:
Editora Bagaço
ISBN: 978-85-8165-339-6
Título: Noites
Simultâneas
Gênero: Romance
Autor: Maurício Melo Júnior
Tema: Ditadura Militar | Movimento Estudantil
Categoria: Literatura
nacional
Páginas: 176
Edição: 1ª
Tipo
de capa: Brochura
Ano: 2017
Idioma: Português
SINOPSE: Na trama, o
protagonista, filho de uma família de proprietários rurais que vai para a
capital para se formar em medicina, é atraído pela namorada para participar da
militância contra a ditadura. Neste romance, o pernambucano Maurício Melo
Júnior, por meio de um improvável casal, representa a luta de toda uma geração
de militantes que viveu sob a tirania da ditadura militar de 1960 e 1970, pela
reconquista das liberdades democráticas.
RESENHA
Amados leitores, estou
aqui hoje para falar a respeito da brilhante obra do autor Marcelo Melo Júnior,
“NOITES SIMULTÂNEAS”. Trata-se de uma verdadeira jóia, uma leitura cheia de
fôlego e densidade, repleta de crítica e poesia, crueza e sensibilidade, é
assim, mergulhado em profundas emoções que o autor se sente no decorrer na
narrativa. Estruturada em capítulos curtos, nota-se o cuidado com a força do
significado de cada palavra, cada construção de frase e parágrafo para o
desenvolvimento dinâmico da narrativa.
Em
uma narrativa em que se alternam suave e habilidosamente diversos pontos de
vista: ora o narrador é onisciente, ora em primeira pessoa, ora em discurso
indireto livre, o autor nos apresenta a aventura de toda uma geração que viveu
sob a ditadura militar. Essa juventude é analisada e representada com toda a força
por meio de personagens que não têm nome, e que assim são o símbolo de todos os
militantes que se entregaram totalmente à luta pela reconquista das liberdades
democráticas. Da mesma forma, os locais onde a história ganha vida não são
revelados explicitamente, pode-se inferir, no entanto, que a narrativa acontece
no Nordeste, passando por Brasília.
Nosso protagonista — o
moço — é filho de uma família de proprietários rurais e a contra gosto dos pais
vai para a capital para se formar em medicina. Apaixonado pela namorada — a
moça — é atraído pela mesma para participar da militância contra a ditadura. O
moço acaba se envolvendo no movimento de forma intensa, até mesmo
inconseqüente, ignorando sua própria origem, humilde, mas ainda assim privilegiada.
Diante de grandes adversidades, seus companheiros sugerem uma retirada
estratégica, para que possam se recolher e estudar, esperando o momento certo
para voltar a ativa, o moço se recusa e vê partir a namorada, que permanecerá
em seus pensamentos por toda sua vida.
O moço toma para si a
perigosa tarefa de conscientizar os trabalhadores para a luta armada na zona
rural. É preso e torturado. Ao sair da prisão, procura antigos companheiros de
luta e volta à militância. Mas abala-se profundamente, quando assiste ao
desbaratamento de um ponto em que morrem vários participantes de uma reunião na
qual ele deveria estar, e resolve viver na clandestinidade. De posse de uma
nova identidade, começa a trabalhar em uma fábrica, onde se vê frustrado ao
tentar mobilizar os trabalhadores para uma greve.
“ (...) O rubro do sangue se desenha nas paredes, no chão, a vivacidade escura da morte doma a sala e todos tombam das cadeiras, caem no assoalho imprimindo nos rostos surpresa, dor e finitude. Calam-se os tiros. (...) ” pág. 107
Em um crescente
surpreendente, a narrativa vai traçando então a trajetória do amadurecimento do
protagonista, suas reflexões:
“(...) Carrego o fardo da experiência, trago a pele marcada de conseqüências, fui jovem e tive a cabeça emprenhada. Um dia me rebelei e, jogado na vida sem pai nem mãe nem cachorro, era necessário solidariedade pelos companheiros caídos, precisava construir um muro entre o sonho e o real, mas nunca nos ensinaram a manejar a pá, todos os cimentos enrijeceram antes que assentássemos os tijolos, tudo muito confuso, nunca quis ser herói ou exemplo, quando assim pretendi, meu destino estava defendendo ideários que já não me pertenciam, e toda cabeça girava em torno do que pensavam os outros, girava num universo sem um espaço meu, daí a angústia, pois, se falei, falei para paredes e, determinado, caminhei para a nova vida.(...)” p. 166
Em uma obra envolvente,
impactante e duramente verdadeira, o autor com maestria e elegância constrói
com a quantidade certa de poesia um conteúdo importante e valioso, que nos leva
a refletir sobre a história do nosso país, sobre o período que estamos
enfrentando hoje, sobre o valor da luta e da democracia e também sobre o amor,
terror, sonhos e pesadelos, encontros e desencontros, utopias e desilusões. É
uma leitura edificante e inadiável, de uma honestidade e profundidade
emocionantes.
Recomendo fortemente!
Até breve! Beijos.
SOBRE O AUTOR: Maurício Melo Júnior
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Imagem:http://oasyscultural.com.br |
Nasceu em Catende, Pernambuco. Diplomado em Comunicação Social e pós-graduado em Ciência Política e Economia, é escritor, jornalista, crítico literário e documentarista. Foi crítico literário e repórter de cultura do Correio Braziliense entre 1989 e 1999. Escreveu resenhas literárias para o Jornal do Brasil (RJ) e Zero Hora (RS). Escreveu e publicou diversos livros infantojuvenis, além de uma novela e um volume de crônicas. Tem contos publicados em diversas antologias. Participou, como palestrante, de diversos eventos literários como a Jornada Literária de Passo Fundo (RS), em 2007, a Balada Literária (São Paulo/SP), em 2008, a Bienal do Livro de Alagoas, em 2009 e 2013, o 2º Festival Internacional da Leitura (Campinas/SP), em 2010, a FLIPORTO – Festa Literária de Pernambuco (Olinda/PE), em 2011, 2012 e 2013, e a FLIMAR – Festa Literária de Marechal Deodoro (AL), em 2010, 2011, 2012 e 2013. Foi júri em diversos concursos literários, como o 19º Concurso de Contos Luiz Vilela (Ituiutaba/MG, 2009). É jornalista da TV Senado, onde, desde 2001, dirige e apresenta o programa Leituras, dedicado à literatura brasileira. Escreve resenhas literárias para o jornal Rascunho (Curitiba/PR) e crônicas semanais para o blog Jornal da Besta Fubana (Recife/PE).
Essa Resenha foi em parceria com Oasys Cultural.
By: Thaisa Salvador |
Muito obrigado, Thaisa, pelo texto belo e brilhante. Fiquei comovido com sua leitura atenta de meu romance. Abraços, Maurício Melo Junior
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