Mulheres em cena
ISBN-13: 9788592320928
ISBN-10: 8592320925
Ano: 2017 / Páginas: 176
Idioma: português
Editora: Bambual
"Luiz Henrique parecia ouvir as lamúrias de
Maria Isabel. Acordou, sorriu e a puxou para abraçá-la e beijá-la. Ficaram
juntinhos sem nada dizer. Ela deixou as lágrimas rolarem, e ele, claro, não
percebeu. Como mulher, deseja dizer tudo que guardava em seu coração, mas não
teve coragem de expor seus sentimentos e se calou."
Não se destrua, Soraia! Você não merece isso!,
pensou ela, deixando a força de sua mente se manifestar, olhando fixamente para
sua imagem no espelho. Se não ficaram juntos, é por que não era o destino. Tem
que encarar essa verdade!"
Resenha
“Todos temos que lidar com perdas: perda de um
emprego, perda do amor, perda da vida. A questão não é se essas coisas vão
acontecer. Elas vão, e precisamos encará-los. A resiliência vem do âmago, de dentro,
e de apoio que recebemos de fora… vem da análise de como processamos [...]”
Adam Grant, psicólogo em
depoimento para revista Vida Simples
A edição de Abril de 2018 traz como capa o tema
“Coragem para recomeçar” com muitos depoimentos de pesquisadores e suas
filosofias de encarar a vida e seus desafios. A matéria reforça muito na
questão MUDAR (ou RECOMEÇAR), alertando que ter essa atitude não é zerar,
renascer; é seguir em frente, seguindo sendo o que somos, com nossos
aprendizados, erros e acertos. E como seguir em frente após um erro ou uma dor?
Assim, começo indicando a leitura dessa matéria e
paralelo a isso, conhecer a dor das personagens que a autora Nara Tosta nos apresenta, por meio de "Maria Isabel & Soraia". No final, com certeza, vocês saberão como conduzir e
decidir o novo caminho.
O livro é uma bela obra de arte, tanto no aspecto
literário, bem escrito; como no aspecto da arte, todo bem trabalhado, com
delicadeza na fonte, diagramação; e, claro!, também, na escolha do tema, muito forte, intenso e
delicado.
“Às vezes a vida toma um rumo diferente do que
sonhamos, e achamos que seremos infelizes, ou que não temos sorte, ou
simplesmente que a vida não nos dá a oportunidade da felicidade. Entretanto,
surpresas acontecem!”. p.170
O livro é dividido em 2 contos. O primeiro
narra a história de Maria Isabel; o segundo narra a história de Soraia. Os dois
têm tema musical como pano de fundo ou como inspiração para o enredo.
Maria Isabel é um conto narrado em terceira
pessoa, com os diálogos subconsciente, isso pode deixar o leitor confuso, causando, uma leve impressão, de às vezes, ser leitura em primeira pessoa.
Maria passa por um momento delicado no casamento.
Um desgaste causando grandes reflexões internas, diálogos com o subconsciente,
levando para um comportamento ilegítimo que uma sociedade extremista podem
condená-la.
“[...] Deixou o pranto lavar sua alma sentada no
carro, olhando o vazio a sua volta, até reagir, como sempre fazia. Respirou
fundo, procurando o equilíbrio para continuar. Saiu com o carro lentamente,
pensando nas palavras do marido e refletindo na ameaça de ter um caso. Era a
primeira vez que pensava nisso, sem arrependimento [...]”
p. 17
Porém, este é o triunfo da escrita de Nara, fazer
o leitor refletir e não julgar o erro das suas personagens. Às vezes a falha do
ser humano é impulsivo, de dor e não de caráter ou dueto de personalidade.
“Adorei fazer parte de sua primeira experiência.
Não se sinta culpada, a vida é assim, hoje amamos, amanhã não mais.”
p. 21
Os dois contos trabalham bem este comportamento,
entretanto de formas diferentes. Os problemas são opostos e com isso, propõe
uma dinâmica de compreensão peculiar, em seguida, deixa o leitor ponderando os
exageros no comportamento de cada personagem.
Maria Isabel é submissa e Soraia é independente,
ambas com um grande problema nos relacionamentos amorosos. Realçando, assim,
que a vida é um conjunto de equilíbrio e não de extremismo.
A Nara tem uma narrativa leve, fluída, em
terceira pessoa ou melhor, onisciente seletiva, onde, tanto Soraia e Maria
Isabel tem acesso e expõe seus pensamentos e emoções, ao mesmo tempo, que a
autora compartilha a experiência de cada protagonista.
A Soraia passa por um dor repentina, de perda,
desmoronando todo seu comportamento, sua personalidade. Aos poucos, no decorrer
deste luto iremos conhecer o passado da personagem e perceber que a dor é uma
consequência de feridas anteriores. Uma anulação do seu ser, em respeito aos pais.
“Sua alma buscava o sentido da vida. Sentia ter
sido arrancada, usurpada de toda e qualquer possibilidade de encarar o seu dia
a dia como algo imprescindível e precioso. Olhava as pessoas, as coisas, sem
entender o que fazia naquele mundo onde o ir e vir era o combustível da
felicidade [...]” p. 86
É um conto extremamente forte, dolorido; o leitor
sofre junto e às vezes tem vontade de sacudir Soraia, mas existe a linha da
compreensão bem trabalhada pela autora. Os filhos e sua irmã, personagens
importantes, têm um zelo e percebem que precisam apreender o luto da mãe e
não julgá-la; assim, é neste ponto, que Soraia começa a reconhecer que precisa de
ajuda.
“ E agora? Está feliz por me ver deprimida, sem
vontade de viver? [...]” p.88
Nara propõe com este dois contos que o leitor faça
uma análise menos crítica e dogmática e tenham mais compaixão com o ser. Mesmo, que, este sejam comportamentos errantes.
Foi uma leitura admirável das irmãs; fazendo
valorizar a literatura contemporânea e concluir que: os clássicos são
importantes para estudos literários e conhecimentos históricos; todavia, não
menos importante e muito mais prazeroso é o leitor conhecer obras de autores
atuais, principalmente se querem criar o hábito da leitura, pois são sim obras
bem escrita, com leveza na narrativa, com temas fortes para serem
refletidos. Fica a dica de conhecer o
trabalhos autorais de “Mulheres em Cena”.
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