ISBN-13: 9788501096418
ISBN-10: 8501096415
Ano: 2012 / Páginas: 128
Idioma: português
Editora: Record
Ano: 2012 / Páginas: 128
Idioma: português
Editora: Record
O premiado Evandro Affonso Ferreira escreve sobre um homem atormentado que experimenta a proximidade dolorosa do mundo. O romance emociona pela forma como fala da loucura, do amor, do abandono e da solidão, enquanto espera - andando e observando os escombros da vida urbana em detalhes - o retorno de sua amada, a que lhe deixou bilhete dizendo ACABOU-SE, - ADEUS.
RESENHA
“A loucura às vezes chega
quando se é tragado pela perda, é cegueira lúcida que despedaça a alma.” Najla
Assy
Ensaio? Monólogo? Loucura?
Sim! Loucura!
O livro número 5 do Projeto Literatura Verde e Amarela em parceria com a amiga afinada na literatura Cilene Resende - Meu Vício Literário; resenha de sua autoria Clique Aqui.
O livro número 5 do Projeto Literatura Verde e Amarela em parceria com a amiga afinada na literatura Cilene Resende - Meu Vício Literário; resenha de sua autoria Clique Aqui.
Um narrador maníaco, que deixa
qualquer leitor perturbado; é inteligente, pois ele sabe, sente a sua realidade,
condição de vida e, mesmo no meio da loucura, ele aceita de um modo próprio;
literato, pois suas referências chegam a ser surreais para os padrões dele; porém estimulante, mostrando que, mesmo no meio
de uma batalha consigo mesmo, seu conhecimento e gosto pela literatura é
abundante.
“Quando tenho um pouco de
dinheiro, compro-me livros. Se sobrar algo, compro-me roupa e comida.”(25)
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Foto: Jornal Rascunho |
“A dor do outro tem para nós a
duração do fogo-fátuo.”(16)
Mas neste post especial da LVA,
não iremos só conhecer um autor, mas sim dois autores. Um é o proprietário da obra e o outro é o inspirador do mesmo.
Erasmo
de Roterdã (ou Rotterdam, ou Roterdão) foi um humanista e filósofo
holandês famoso pelo seu amplo conhecimento, dos mais diversos assuntos ligados
a gnose humana, além de um dos maiores críticos do dogma católico
romano e da imoralidade do clero. Entre os vários ramos do conhecimento, que
interessaram a Erasmo, destaca-se sua dedicação instrutiva das línguas
antigas, o que semeou o terreno para o estudo do passado, em particular dos
relatos do Novo Testamento e dos primeiros pensadores da Fé Cristã. Inspirados
nos clássicos greco-romanos, os intelectuais da época como Erasmo defendiam a
exaltação da beleza e do prazer, considerados mais interessantes do que as abstrações
da filosofia escolástica. Outras expressões humanas condenadas pela Igreja,
como o prazer físico e o bom humor não conflitam com o cristianismo em sua
moderna visão. Convites de nobres e atividades acadêmicas levaram Erasmo a
viajar pela Europa até sua morte, em 1536, em Basiléia, na Suíça.
Suas obras popularizaram-se
pela imaginação e estilo claro e descritivo, e suas sátiras lhe renderam
bastantes inimigos. Entre seus trabalhos mais importantes estão: O
Elogio da Loucura (1509); De Duplici Copia Verborum et Rerum (1511); Os Pais
Cristãos (1521); Colóquios Familiares (1516-1536); De Libero Arbitrio (1526);
As Navegações dos Antigos (1532) e Preparação para a Morte (1533).
O motivo de falar em Erasmo de
Rotterdam é simples, em toda essa obra vencedora do Ferreira, o mendigo
idolatra, conhece e tem como um "mantra" o nome deste autor do quinhentismo.
“A-hã: Erasmo de Rotterdam.
Observador implacável. Nossa trajetória de vida é mesmo inexorável.” (17)
A loucura é protagonista. “O
mendigo” é uma leitura delicada, fantasiosa e filosófica, porém bem compreensiva. Não sei se pela
condição do personagem de morar pelas ruas da cidade ou pelo fato da loucura.
A
loucura por um amor;
A
loucura por um autor;
A
loucura pelos amigos e companheiro de rua;
Os apelidos que ressoa mais como
mantras:
Menino-borboleta;
Mulher-molusco;
N ou
Ns;
Maltrapilho
acoolotra;
ACABOU-SE,
ADEUS
ACABOU-SE, ADEUS - tudo culpa dessa pequena frase, deste bilhete, a narrativa é toda voltada para essas duas palavras, que
muda a vida do protagonista.
Contêm várias revelações de
desabafos e explanações sobre suas condições e delírios.
“Não ando a trouxe-mouxe pelas
ruas da cidade, numa desvairança sucessiva por obra do acaso. Perdendo-a perdi
ato contínuo o juízo a prudência o bom-senso” (28)
A realidade é algo sofrido na
leitura, doe cada desopressão.
“No anoitecer a sensação de
abandono é ainda maior. O frio também. O Medo também... deveriam desinventar
para nós esse espaço em que o sol está abaixo do horizonte.” (33)
Mas, o delicioso da obra é a
inteligência do escritor em deixar suspense e nada definitivo em cada página; até o
final nunca saberemos se a consequência de cada fato foi loucura, delírio ou
foi um acontecimento isolado, uma escolha.
Literatura Verde Amarela número
5 foi uma leitura devoradora. Como leitora amei poder conhecer, admirar e
ter saudade desta obra. Como escritora, que acaba de iniciar sua jornada, fiquei
horada de analisar e estudar uma obra com referências literárias cativante e uma escrita
peculiar, com um enredo singular.
O Vencedor do jabuti conquistou e encantou-me. O seu reconhecimento é
digno e merecedor.
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BY: Patrícia Brito |
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