Vida de Escritor...
Laplace Cavalcante...
7. Você escreveu a sua primeira história aos 8 anos? Você lembra? O que levou você a começar a escrever? Quando esse amor por escrita surgiu? Conta essa experiência.
Sim,
eu escrevi a primeira com 8 anos, a mais antiga que me recordo ao menos. Foi a
minha versão ilustrada (na época eu não sabia que era um fracasso como
desenhista) do filme O Mundo Perdido – Jurassic Park, que era quase idêntica a
original e a tenho até hoje. Não sei ao certo o que me levou a começar a
escrever e quando surgiu meu amor pela escrita, só me recordo que desde pequeno
eu sempre gostei de criar histórias. Quando criança, minhas brincadeiras eram
mais complexas. Eu não pegava dois bonecos ou um carro e ficava brincando em um
canto da casa. Eu preparava um cenário e criava uma história para a
brincadeira. Várias vezes meus pais chamaram minha atenção porque eu ocupava
toda a mesa do jantar, o sofá ou algum outro móvel com brinquedos para uma
brincadeira que eu havia planejado para aquela ocasião. E a minha primeira
história narrada (quando me dei conta que não sabia desenhar) surgiu em 2003, e
o título dela era Amor Perfeito, que é o título do último livro lançado pela
Cláudia em A Página Certa.
Foi
uma experiência incrível! Nesse ano, 2003, o colégio havia criado esse Prêmio
Jovens Autores, que consistia em escolherem as melhores redações da 5ª a 8ª
série (que hoje é o nono ano) escritas com base em um tema que determinavam
para comporem um livro que seria lançado pela própria escola. Até hoje essa
premiação ainda existe no colégio.
9. Qual
foi seu primeiro texto escrito, publicado?
Foi
a redação do Prêmio Jovens Autores do colégio Pio XI Bessa. A escola preparou
um grande evento para o lançamento desse livro. Teve apresentação do Quinteto
da Paraíba e nós, alunos, sentamos em mesas e autografamos os livros com nossas
redações, que nossos familiares receberam.
10. Qual
a maior dificuldade você encontrou para escrever o primeiro livro?
A
maior dificuldade foi não gostar de escrever livros, por incrível que pareça.
A
Página Certa não foi meu primeiro livro. Meu primeiro livro eu tentei escrever
por volta de 2009, se não me engano, e eu detestei. Por mais que eu criasse
histórias já há um tempo, elas pareciam esses resumos de capítulos de novelas
que nós vemos nos jornais.
Eu não comecei a escrever minha primeira história narrada já no formato de um livro. Então era algo bem cru, sem emoção. E na época eu escrevia roteiros, que é algo que adoro escrever, e um roteiro é bem diferente de um livro. É um texto completamente técnico, enquanto que o livro é repleto de sentimento, e eu não consegui fazer essa transição de um para o outro. Só em 2012, quando uma amiga sugeriu que eu tentasse escrever um livro novamente — foi quando escrevi A Página Certa, mas antes tive outra tentativa frustrada de outro livro que não consegui escrever —, foi que escrevi e concluí o primeiro livro.
Eu não comecei a escrever minha primeira história narrada já no formato de um livro. Então era algo bem cru, sem emoção. E na época eu escrevia roteiros, que é algo que adoro escrever, e um roteiro é bem diferente de um livro. É um texto completamente técnico, enquanto que o livro é repleto de sentimento, e eu não consegui fazer essa transição de um para o outro. Só em 2012, quando uma amiga sugeriu que eu tentasse escrever um livro novamente — foi quando escrevi A Página Certa, mas antes tive outra tentativa frustrada de outro livro que não consegui escrever —, foi que escrevi e concluí o primeiro livro.
11. Quanto
tempo você demora em escrever um livro?
Em
torno de 2 meses. Quando escrevi A Página Certa eu pensava que só devíamos escrever
quando estamos inspirados, até que fiz cursos com a escritora Lycia Barros e
descobri que não, que devemos fazer um planejamento, argumento do livro e
trabalhar, mesmo sem inspiração. Como ela diz: “A inspiração irá aparecer se
lhe encontrar trabalhando”. E eu concordo com ela. Tanto é que a primeira
versão de A Página Certa tinha 20 capítulos e eu levei 9 meses para concluí-la.
Já o próximo livro que pretendo lançar tem 79 capítulos, quase quatro vezes o
número de capítulos de A Página Certa, e eu levei 2 meses e alguns dias para
finalizar a primeira versão.
12. Você
tem uma rotina para escrever? Sendo, contos, romances ou não ficção. Se sim,
qual?
Eu
sempre crio o argumento da história. Às vezes começo a escrever o livro sem
finalizar o argumento, mas sempre preparo ao menos 50% dele antes de começar a
escrever de fato. Faço isso com os romances e fiz com o Passos de um
Universitário. Com os contos só crio o argumento na cabeça. Todos os contos que
escrevi até hoje foram curtos e eu sentei e escrevi na hora que veio a ideia,
então não tinha o que deixar para pensar no próximo dia. E geralmente escrevo
ouvindo música, escolhendo-as de acordo com meu ânimo ou com a cena do livro. Quando
estou escrevendo às vezes passo o dia inteiro ouvindo a mesma música sem
perceber, porque eu me prendo à história e esqueço a canção. Nesse caso só
lembro quando alguém aqui em casa aparece e me pergunta se eu ainda não cansei
de ouvir a mesma música o dia inteiro.
13. Como
é a rotina de compor os personagens? Você observa suas amizades? Tem um pouco
de você?
Eu
crio os personagens baseado em pessoas que conheço e em personagens de filmes e
seriados que assisto. Para compor o Renato de A Página Certa, por exemplo, eu
pensei no personagem do ator Hugh Grant no filme Amor à Segunda Vista e reuni
vários defeitos meus e de alguns amigos, e piorei umas dez vezes para deixá-lo
esse personagem tão “simpático”.
14. Paralela
à profissão de escritor, você tem outra profissão como fonte de renda?
No
momento trabalho apenas como escritor.
15. Você
encontra dificuldade de viver da literatura no Brasil? Fale um pouco das
dificuldades encontrada na profissão do escritor no Brasil? Com suas
experiências.
Acho
que há 3 grandes dificuldades para quem é escritor no Brasil, pelo menos para
quem é iniciante. A primeira é de se fazer ser visto no mercado e com que
acreditem no seu trabalho. Fora isso temos o fato de que muita gente ainda não
acha que se faz boa literatura no Brasil, ou que só existam livros como os
clássicos. Não que os clássicos sejam ruins, mas um grande público não aprecia
essa leitura. E por último, é o fato de algumas pessoas acharem um absurdo você
pagar 30 reais em um livro, mas para essas mesmas pessoas é perfeitamente
normal pagar 500 reais em uma calça ou 36 reais para ir ao cinema (assistir um
filme uma única vez, enquanto o livro você terá para o resto da vida).
16. Ainda
referente às dificuldades da profissão de escritor. Com as diversidades de
publicações no Brasil como: romances, novelas, coletâneas de contos entre
outros, você ainda acha possível sobreviver da escrita no nosso país?
Sim,
para uns pode acontecer da noite para o dia, para outros podem levar alguns
anos, mas batalhando, acreditando, aprimorando seu texto e procurando estar
sempre em contato com o seu público eu acredito que seja possível.
17. E quanto
a marketing e editora, qual dificuldade você encontra para lançar e divulgar
seus livros e textos?
A
dificuldade maior é em ser visto. Porque não basta você postar uma notícia do
seu livro nas redes sociais para que as pessoas queiram conhecer sua obra, é
preciso despertar o interesse dos potenciais leitores. Felizmente temos os
blogs que ajudam os escritores a disseminar nosso trabalho.
Cada
autor que conheço se torna uma referência para mim, devido a seu trabalho e
determinação com a qual luta por aquilo que acredita. Quatro autores que são
uma grande referência, por sua jornada que conheço e admiro, são Lycia Barros,
Maurício Gomyde, Felipe Colbert e o Hugh Howey.
19. Durante
esse seu caminho como escritor, cultivou relações ou conhecimentos com alguns
desses escritores?
Sim,
mantenho uma boa relação com todos eles, e alguns até se tornaram amigos.
20. O
leitor é a peça primordial para o sucesso de um escritor. Como você cultiva a
relações com seus leitores? Você procura saber dos resultados das leituras dos
seus livros? Troca ideias sobre assuntos como: personagens ou cenas?
Quando
fico sabendo de alguma resenha sempre as leio para saber o que acharam do meu
livro e o que preciso melhorar, porém não abordo os leitores para saber o que
estão achando enquanto leem, deixo que, se quiserem, eles puxem assunto sobre a
obra. Eu não gosto de estar lendo com as pessoas no meu pé me questionando o
tempo todo, então procuro deixar meus leitores a vontade.
Foi ótimo relembrar os momentos de quando eu escrevia, antes mesmo de me tornar escritor, nessa entrevista. :)
ResponderExcluirAutor de A Página Certa
www.laplacecavalcanti.com