A rotina quando mal vivida empobrece a alma deixando tudo
sem cor, charme ou qualquer resquício de beleza. Nesse vai e vem sigo vendo os
mesmos rostos cansados, olhares vagos e igualmente tristes. Faltam-me assuntos
e nos fones ouço Janis Joplin gritar vingando o meu silêncio. Sem perceber fui me adaptando, inserindo-me
nos espaços, sendo transformada. Hoje, mais velha e mais irônica, sinto dores
nas costas e calafrios só de pensar no futuro...
Se todas essas litas de “10 coisas para fazer” servissem
para alguma coisa seria mais fácil, mas normalmente não escolhemos, as coisas
acontecem e não a tempo de lamúrias; o capitalismo selvagem e a velocidade das
relações superficiais não nos permitem uma folga pra descobrir o que realmente
nos encanta...
O que resta se não seguir a música? Nesse jogo marcado minhas
apostas são de incertezas. Os sonhos de outrora mudaram, a menina que queria
mudar o mundo julgando-se politizada o bastante é hoje uma jovem senhora com
oito tatuagens e outros tantos arrependimentos. A viagem de moto pelo leste foi
suspensa devido ao desvio na coluna. Os pores solitários, as festas vazias, os
caras errados. Nada disso estava no plano original, aos quinze anos minhas
escolhas pareciam tão simples. Pobre menina ingênua.
Não que eu não esteja contente com o que tenho conseguido
e venho conseguindo, mas é um exercício lânguido pensar em tudo que queria e
como as perspectivas mudam. O que antes era importante me parece mais um
sensacionalismo hippie démodé. Essa é a magia: tive que evoluir com as
circunstâncias da vida, largar e voltar pro tabaco, manter o peso, viver sem
pessoas das quais nunca me imaginei longe, acordar a seis da matina para ouvir
no noticiário se o dólar caiu ou não.
É como diz a mais requintada frase
filosófica “O que não mata, engorda” e assim, fui seguindo abraçando as
oportunidades ao passo que me distanciava do que já fui; deixando pra trás uma
parte de minha história, alguns amigos, que terão sempre um lugar especial no
meu coração incapaz de demonstrar sentimentalidades, e a preocupação de ser o
que jamais seria capaz. Querendo ou não a gente sempre tem que seguir
em frente, a vida vai te emburrando e como contorcionistas temos que nos
encaixar limitando em ser uma marionete dos acasos e desventuras da vida.
Paciência, baby!
No fim é uma briga sem sentido, o presente contra o
passado, por isso meu bem, nada é definitivo; amanhã tudo isso não fará
sentido. O que ficou e ficará são as histórias de botequins, os amigos porras
loucas e minhas aventuras amorosas que nunca deram certo. A dúvida do que virá
é que motiva viver como bem quero. Arrependimentos e orgulhos serão sempre
melhores que a incerteza do que poderia ter sido. A vida é algo que segue.
E eu? Eu sou
instante e não um verbo infinitivo do presente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário