Tem frases mais assustadoras que “escolhe qualquer coisa”
ou “tanto faz, você decide”?
Tremo na base só de ouvir isso. Bom mesmo é ser
criança e ter decidido desde a cor da calcinha, até onde irá estudar para o
curso de direito meia boca escolhida pela tia gorda. Essa idéia de decidir
sozinha é sinônima de crescimento que por sua vez é sinônimo de perdas
irreparáveis ou como chamam por aí é direito de escolha adquirido. A liberdade em todos os sentidos é tão
visceral quanto à prisão. Atente-se ao seu desejo vicioso de liberdade, pode
parecer que não, mas ele contamina.
Quem diante de um “você escolhe” não teve medo, receio de
não agradar ou errar feio, de não superar as expectativas... Ah, essa doce
liberdade de fazer o que se tem vontade; queria ser cheia pretensões; ter as
respostas na ponta da língua sem me importar com anseios alheios. Sempre achei
meio perigosa essa mania que a vida tem de nos fornecer papeis em branco com
infinitos recomeço e poucas possibilidades. Uma escolha e BUM eliminam todas as
outras chances. Ora, já dizia o grande filosofo dominical “quem sabe faz ao
vivo”. Porém a dúvida do que poderia ser, castiga como gota d’água e sua dança irritante
pingo a pingo martelando na cabeça: e se? E se?
Escrever é meio uma fuga disso; o que leva optar por um
tema e não outro? Qual a real necessidade em falar sobre as frivolidades dos
dias? Penso que seja uma forma de nos afirmar sem preocuparmo-nos com o que
poderia ter sido, aqui, escrevendo, posso apagar quantas vezes quiser. Pular
para o final sem ter um inicio. Sem medo, sem drama, sem sentido! Posso ser
sexy e vulgar, porque não? São somente palavras escritas, não precisam ser
verdades absolutas. Se ler é viajar sem sair do lugar, escrever é torna-se
chão. Pois a escrita é metamorfose de almas presas em palavras que nunca serão
libertas.
TMartins
(11/11/2014)
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